sexta-feira, fevereiro 16, 2007



Anjo sem asas

O sol acorda sorrindo
ao menino
de olhos fundos.
a ferro e fogo
espancado
estômago gargalha.
olhar insano
do destino corrompido
infância queimada
pobre menino
café com pão
manteiga não
contido o sorriso
pegadas de dor
na corrida do sonho
café com pão
comida não
um silêncio noturno
traz no olhar...
nem café nem pão.

Cláudia Gonçalves e Benvinda Palma


Lua no Breu

A lua, quando nasce, é um cisco
Semente... serenata
Flutuando ao léu

De corpo crescente ou minguante
Uma nau brincante no céu
Que navega e reluz
Entre as estrelas
Entalhes de prata

Luz que silencia no alto
Um enigma que a todos conduz.

Caminhemos, tu e eu
Em alento, júbilo de peregrino
Pela clara beleza da noite
Enquanto a lua, agora plena
Vai desafiando o breu.


Cláudia Gonçalves & Ricardo Reis

terça-feira, fevereiro 13, 2007



Oásis


a lua que sonhei

na vastidão

era fogo iluminando

a planície solidão

muito ao longe

trazia a memória do tempo

impressa no cosmo

te encontrei

sob esta luz

prata - candeeiro.



Cláudia Gonçalves e Jiddu

quinta-feira, fevereiro 01, 2007


Círculo morto

Éramos círculo morto

velas trancadas no peito

corpos gêmeos em cortejo

demarcando o circo do todo

fecharam-se às cortinas

grafadas de intensa busca

da solidão túnel da boca

afundada em fumaça garganta

vinham acordes de terra umedecida

num chão de dor arterial

dos anos e anos da vida entalhada a frio.

éramos nós quando tudo era ausência,

e no centro da essência

destilou o aroma presente,

mas com um passo a frente,

estávamos a doisperdidos

nos descaminhos.

Cláudia Gonçalves e Marko Andrade