Breve

houve
um tempo
em que
o momento
voou
e passou
em silêncio

Cláudia Gonçalves

Pupila

de repente
num piscar
o que era geleira
abriu-se
em chamas

a luz do teu olhar
despiu meus medos

é laço forte
que aperta
desperta
de um grito mudo

ecoando
até o infinito

Cláudia Gonçalves

Preciosidade

no

baú
dos
meus
encantos
te
guardei
nele
te

trago
te

leio
te

verso
e

parto
pro
meu
porto

Cláudia Gonçalves

Pele de jornal

No silêncio
que guarda
no armário do nada

um gole de esperança
vestido de solidão
pinta-se de coragem

e com um amargo
sal nos olhos
mais um dia termina
com gosto de não vivi

Cláudia Gonçalves

Inquietude

de toda
a estranheza
que me invade
entrego-me
a nudez
da poesia

Cláudia Gonçalves

Desencontro

por onde
não andei
estava
seu rastro

quando
adormeci
você passou

sem perceber
os sulcos
deixados
no caminho

Despertei
enquanto
o sol...
...ainda
dormia

Cláudia Gonçalves

vazio

Em pétalas
desfaço-me

e do avesso
...sentindo
o beijo do vento
exalando vanilla
a inundar o papel
em branco

com sabor
de mil folhas
o desejo vacila

quebrando o vazio
da marcha perdida
no sopro do tempo
nos labirintos da vida

Cláudia Gonçalves

enGano

...no ônix
do teu olho
vi um céu
de azul
sem fim

no teu porto
...um mar
de calmaria

rosas
sem espinhos
...só eu via

e ao despertar
...vi sangrar
a maresia

Cláudia Gonçalves